terça-feira, 1 de janeiro de 2008

CACHORRADAS

























POEMA DE José Paulo Paes, do livro "É isso ali"



CACHORRADAS



- Você sabe por que o cachorro entra na Igreja?

- Ora, essa quem não acerta?

Porque a porta estava aberta!



- E você sabe por que ele sai?

- Porque a porta estava aberta.

- Não, errou: porque ele entrou!



- E quando é que o cachorro não pode entrar?

- Quando a porta está fechada.

- Que nada! Quando já está lá dentro.



- E para terminar: sabe por que o cachorro

ergue a perninha e a encosta no poste

quando está necessitado?



- É porque uma vez o poste caiu em cima do coitado!

sábado, 29 de dezembro de 2007

CRIAÇÃO





No princípio era o raio



e o trovão.




Hoje é descarga



elétrica.



~~~~~~~~~~~~~~~~~~



Deus cansou
de criar o mundo.

Contratou os poetas.



Poema A lua no cinema, de Paulo Leminski


llllllllll


A lua foi ao cinema,
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado.


llllllllll


Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
dessas que, quando apagam,
ninguém vai dizer, que pena!

llllllllll

Era uma estrela sozinha,
ninguém olhava pra ela,
e toda a luz que ela tinha
cabia numa janela.

llllllllll

A lua ficou tão triste
com aquela história de amor,
que até hoje a lua insiste:

- Amanheça, por favor!

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

DOIS MIL E OITO DE PIJAMA E VIDA MANSA

Onze da noite
de pijama
e vida mansa
me cansa.

Tomo mais
um milk shake
morro de rir
quando uma barata
passa.

Moro ao lado da sorveteria.
Ela tem todos os sabores
que um menino sonharia...

(Acreditem, por favor,
tem até sabor de amor!)

Esticado no sofá
desliguei a TV
e o vídeo-game.
Estou pensando
nas viagens que farei
para conhecer
as delícias desse mundo!

Dois mil e oito
mil e uma histórias,
futebol e aventuras...

Meus pais me embalam...
e sacodem!
É hora de ir pra cama,
e essa vida mansa
me cansa!!

CANTIGA DE BABÁ - Cecília Meireles

fffffffffffffffffffff
Eu queria pentear o menino
como os anjinhos de caracóis.
Mas ele quer cortar o cabelo,
porque é pescador e precisa de anzóis.
fffffffffffffffffffff
Eu queria calçar o menino
com umas botinhas de cetim.
Mas ele diz que agora é sapinho
e mora nas águas do jardim.
fffffffffffffffffffff
Eu queria dar ao menino
umas asinhas de arame e algodão.
Mas ele diz que não pode ser anjo,
pois todos já sabem que ele é índio e leão.
fffffffffffffffffffff
(Este menino está sempre brincando,
dizendo-me coisas assim.
Mas eu bem sei que ele é um anjo escondido,
um anjo que troça de mim।)
fffffffffffffffffffff

O crepúsculo de Van Gogh

As nuvens eram criaturas selvagens e ‒ ao mesmo tempo ‒ gatos, cães, jacarés e lagartos, perfilados no horizonte próximo. piscaram...