quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

CANTIGA DE BABÁ - Cecília Meireles

fffffffffffffffffffff
Eu queria pentear o menino
como os anjinhos de caracóis.
Mas ele quer cortar o cabelo,
porque é pescador e precisa de anzóis.
fffffffffffffffffffff
Eu queria calçar o menino
com umas botinhas de cetim.
Mas ele diz que agora é sapinho
e mora nas águas do jardim.
fffffffffffffffffffff
Eu queria dar ao menino
umas asinhas de arame e algodão.
Mas ele diz que não pode ser anjo,
pois todos já sabem que ele é índio e leão.
fffffffffffffffffffff
(Este menino está sempre brincando,
dizendo-me coisas assim.
Mas eu bem sei que ele é um anjo escondido,
um anjo que troça de mim।)
fffffffffffffffffffff

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Poema de Elias José, do livro Bicho que te quero livre


NOVELA

A vaca amarela
ganhou uma rosa amarela
e uma declaração de amor
de um boi voador,
louquinho por ela.

A vaca amarela
sorriu, jogou beijo
e ficou mais bela.
O boi voador deu a ela
uma aliança de noivado.

Marcaram o casamento,
montaram uma casa.
O boi voador prometeu
não voar mais.

Na despedida de solteiro,
o boi voador resolveu voar
só um pouquinho...

Só que voou, voou,
e até hoje não voltou
.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

A MÃE DA MÃE DE MINHA MÃE

HHHHHHHHHHH
morava numa casa antiga

que tinha uma sala de visitas.

A sala ficava no centro da casa

e estava cheia de portas

que levavam aos quartos.


HHHHHHHHHHH

A mãe da mãe da minha mãe

se orgulhava em mostrar

o retrato da família

para todas as visitas.


HHHHHHHHHHH

No retrato aparecia

um menino carrancudo

que tinha medo do fotógrafo

e do “OLHA O PASSARINHO”

na hora do CLIC!

HHHHHHHHHHH

E tinha também no retrato

um tio de nariz quebrado

e outro tio careca e sério

como se tivesse voltado do cemitério.

HHHHHHHHHHH

A mãe da mãe de minha mãe

estava muito bonita no retrato

parecia Nossa Senhora

rodeada de Anjos e Querubins

e toda vez que eu olhava pra ela

ela piscava o olho pra mim!





ertyuiopasdfghjklçzxcvbnm,.;~´polkijhg

FINAL DO MÊS: NATAL E ANO NOVO



Quando o final do mês se aproxima

esvaziam-se as cartelinhas

de remédio da vovó…



Ela corre pra farmácia,

enfrenta chuva e vento,

e o tempo que voou...




(Vovó disfarça,

diz que o remédio está caro,

e que ela ganha pouco…)




Ela não entrega os pontos:

cada vez mais se enfeita

para atrair coisas boas.



Adora dançar e tricotar…

Ah, e conversar no telefone,

durante horas, com as amigas!




Minha cidade também se enfeita

Para o Natal. Lojas cheias de gente,

lista de compras de presentes

para as crianças e os adultos...



Atrás das cortinas dos olhos da vovó

vejo mais um pôr do sol despedir-se.

Vai o sol, chega a noite e os fantasmas

vêm contar suas histórias...



- Neste sol quente, não esqueça

o chapéu de palha! - dizia vovó.



Todo dia ela contava aventaras

sem desgrudar o olho do seu bordado.



Ao trançar as palhas do trigo

vovó brandia sua varinha mágica

e trazia ao mundo chapéus coloridos.




As mãos rápidas

disfarçavam

seus calos,

a palha gritava

se retorcia

mas logo logo

se acalmava

no trançado...



Agora eu percebo que o nascimento do chapéu

se parece com o nascimento do poema.

Meu lápis rabisca

a palavra escolhida

e ela vai ser apagada

ou vai ser o início de um sonho

(na companhia de um desenho...)




A palavra é o broto do trigo

que cresce e amadurece

no inverno e outono...

Nasce chapéu e poema

e vai proteger nossa cabeça

desse calor de rachar...



***

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Um garoto chamado RORBETO

Dê uma conferida no livro Um garoto chamado RORBETO, do Gabriel o pensador.


Vale à pena!

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Era uma vez um menino
que era muito atrapalhado.
O nome dele era esquisito
porque foi escrito errado.
É que o pai também se atrapalhava sempre, sem parar,
e lhe deu um nome com uma letra
fora
do lugar.

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Quando o menino nasceu,
o Doutor viu que era homem
e falou para os pais dele:
- Já escolheram o nome?
Mas seu pai não tinha tido escola.
Era analfabeto.
Não sabia nem falar direito,
e falou
RORBETO.

O PATIFE tá enrolando de novo

Quando fui acertar a conta no bar, pendurada nos últimos dias, o bolicheiro não encontrou, no caderno, o meu nome. Ao repassar a longa l...