terça-feira, 2 de agosto de 2011

Chove no silêncio...




Eu me aconchego em tuas pernas
e o dilúvio troveja lá fora.
O raio corta o céu diz  a que veio
e eu gozo e busco um recomeço.

A chuva imita o panelão em fogo brando
e eu medito sem dar ouvidos
ao coração ensanguentado.

"Ele é uma fraude", cochicham os sapos
e eu quero ouvir todas as músicas
que já ouvi,
e me olham os pesadelos
com suas máscaras
de branco vidro.

Sou  uma fraude em brasa ao vivo
penso nisso e me desenrosco
das suas pernas
e me recolho e adormeço.

É um tempo tão mixuruca
que até os sonhos são miudinhos!

É que a noite em seu leito
é um resíduo de um velho dia
é que os retratos quase despertam
seu desamparo.

Chove
no silêncio
da sexta-feira.

O crepúsculo de Van Gogh

As nuvens eram criaturas selvagens e ‒ ao mesmo tempo ‒ gatos, cães, jacarés e lagartos, perfilados no horizonte próximo. piscaram...